Cores
Jorge Santos
Quando o sujeito passa, quem para ele olhe, fica pintado das mais diversas cores. Mulheres, quase todas; homens, muitos. Acabam o dia com o rosto tingido e com a roupa a adoptar colorido diferente do que ostentava de manhã ao sair do armário.
Mais importante, muito mais!, do que a coloração superficial é a profundidade que as cores atingem. Quem perder alguns minutos a olhá-lo atentamente, até a alma, habitualmente escura ou pintada de branco sujo, ganha uma paleta de mil cores. E, assim, dela irradia uma energia capaz de atraír aquilo a que os optimistas chamam felicidade.
Quem for atrás dele, pelas ruas estreitas, tão do seu agrado, aperceber-se-á da magia das cores que dele brotam como a água de fontes. Embelezando paredes, passeios, chãos e flores. Só quando o sol se põe, elas vão esbatendo, esbatendo, até desaparecerem.
Depois, regressa a pálida monotonia. Dias, meses, anos.
Até ao dia em que ele volte. E volta sempre. Pode demorar , mas volta.