Refúgio
Jorge Santos
Vinha com a pressa dos heróis. Estacionou a moto em frente às lombadas e olhou em volta, preocupado, enquanto tirava o capacete. Os livros miraram-no com desdém, pois nunca viram com bons olhos estas fugas esporádicas. Personagem que se preze, jamais abandona a sua história.
Mas aquele herói é jovem; desde que herdou a moto do avô, nunca mais teve sossego.
Nessa noite parecia perturbado em demasia. Lia-se nos seus gestos e no olhar de rima fácil, na confusa e atabalhoada procura da sua capa.
Tão confusa foi, que o levou ao equívoco. Na apressada tentativa de regressar à história, atirou-se para dentro do"Solitário". Será sempre um bom refúgio. Sem dúvida.
O pior vai ser quando o Ionesco der com ele!